De inegável valor cultural, MPF pede recuperação da Fazenda Experimental de Sertãozinho em Patos de Minas

Ação tem como alvo a Embrapa e a Epamig, autarquias responsáveis pela estrutura tombada

O Ministério Público Federal (MPF) ajuizou ação civil pública contra a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) para que os órgãos sejam condenados a restaurar e preservar integralmente a Fazenda Experimental de Sertãozinho, localizada no município de Patos de Minas, em Minas Gerais. O conjunto arquitetônico é considerado patrimônio histórico e cultural da cidade, tendo sido tombado por decreto municipal em 2002.

Na ação, o MPF pede que as autarquias, responsáveis pela estrutura, concluam a recuperação de todas as edificações e a vegetação existente no local, no prazo máximo de dois anos, sob pena de multa diária em caso de descumprimento. A Fazenda Sertãozinho pertence à Embrapa, mas ficou por décadas sob a responsabilidade da Epamig, que não realizou as obras necessárias para manter a preservação do bem, conforme constatou o Ministério Público no curso das apurações.

Laudos apresentados pela Prefeitura de Patos de Minas e pela perícia do MPF apontam que toda a estrutura, de inegável valor cultural para o município, está em estágio avançado de deterioração, em razão da omissão dos órgãos competentes. Por isso, na ação, o MPF pede que tanto a Embrapa quanto a Epamig sejam condenadas ao pagamento de indenização, que deverá ser estipulada pela Justiça, de acordo com os danos causados ao conjunto arquitetônico e paisagístico da Fazenda Experimental Sertãozinho.

Em caráter emergencial, o procurador da República e autor da ação Gustavo Kenner Alcântara requer a concessão de liminar para obrigar as autarquias a elaborarem, em até 90 dias, um projeto de recuperação integral do local, que deverá ser submetido à aprovação da Prefeitura de Patos de Minas e do Conselho Consultivo Municipal do Patrimônio Histórico e Artístico (Comphap). Cumprida essa etapa, o MPF pede que seja fixado o prazo de 90 dias para que as ações de recuperação comecem a ser executadas, sob pena de multa diária. O projeto deverá abranger, além de todas as edificações da fazenda, a vegetação existente ao redor do conjunto arquitetônico.

Histórico – A ação do MPF é resultado de investigação que teve início em 2010, na 3ª Promotoria de Justiça da Comarca de Patos de Minas, a partir de uma denúncia formulada pelo Comphap sobre danos causados à Fazenda Experimental Sertãozinho. O órgão municipal apontou que a Epamig havia sido notificada, após o corte de uma árvore localizada nas proximidades do imóvel destruir parcialmente uma das casas que formam o conjunto arquitetônico. Segundo a Epamig, durante a retirada da árvore - tomada por cupins e, por isso, com risco de queda - um cabo de aço se rompeu, levando à queda de um galho sobre a estrutura.

Desde então, foram realizadas vistorias e produzidos laudos técnicos sobre o conjunto paisagístico e arquitetônico da fazenda, demonstrando a situação crítica em se encontravam os imóveis e sugerindo uma série de providências que não foram adotadas pelas autarquias responsáveis. Em 2010, a Epamig chegou a recomendar à Embrapa a demolição do imóvel tombado, alegando não possuir recursos financeiros para realizar reformas na estrutura, orçadas na época em R$ 35,2 mil.

Para o MPF, a sugestão de demolição de parte das edificações da fazenda, devido à má conservação, revela o entendimento estreito por parte das autarquias responsáveis pelo local. “A proposta da supressão da edificação, portanto, mutilaria mais do que um exemplar, mas todo o conjunto arquitetônico que se viu necessário salvaguardar”, pontuou a perícia do MPF.

Legislação – O artigo 216 da Constituição Federal prevê a proteção ao patrimônio cultural, que, pelo seu valor artístico, estético, histórico, turístico, paisagístico ou arqueológico, expressa referência à identidade, ação e memória da sociedade. São objeto de especial proteção as obras, objetos, documentos, edificações, conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico. Para assegurar a conservação desses bens especialmente protegidos, a legislação brasileira estabelece medidas voltadas à manutenção, o que, segundo o MPF, não vem sendo feito na Fazenda Sertãozinho pela Embrapa nem pela Epamig.

Fonte: Assessoria de Comunicação Social Ministério Público Federal em Minas Gerais

Últimas Notícias

Moradores reclamam de asfalto que cedeu três vezes após obra e cobram providências

Veja mais

Mulher foge correndo após furto no Centro de Patos de Minas, mas é perseguida e presa

Veja mais

Família que teve casa invadida por enxurrada relembra desespero e pede ajuda da população

Veja mais

Senac Patos de Minas abre inscrições para Programa de Aprendizagem Profissional 2026

Veja mais

Homens que mataram mulher trans em estacionamento em Patos de Minas são condenados

Veja mais

Temporal volta a causar transtornos e moradora se desespera ao ver sua casa sendo tomada pela água

Veja mais