Concurso suspenso por suspeita de fraude em Tiros tem diálogos comprometedores divulgados

O Tribunal de Justiça de Minas Gerais manteve a decisão liminar que suspendeu o concurso.

Com duas decisões judiciais para suspender, o concurso público que visava nomear diversos servidores na cidade de Tiros se tornou uma grande polêmica. A Operação Superdotados do Ministério Público chegou a apreender celulares e computadores dos investigados, culminando com diversos diálogos comprometedores levados ao processo. Além de lançar dúvidas sobre a lisura do pleito, as conversas apontam para o envolvimento de autoridades municipais. O Tribunal de Justiça de Minas Gerais manteve a decisão liminar que suspendeu o concurso.

Dentre as diversas provas juntadas pelo Ministério Público de Minas Gerais ao processo que corre na Comarca de Tiros, é possível perceber que os aprovados no concurso demonstravam receio de serem reprovados e chegaram a buscar autoridades para tentar algum favorecimento. “... não vai dar nada não, porque ninguém vai provar nada”, aponta um diálogo de uma servidora aprovada para o cargo de fisioterapeuta.

Nas conversas, foram extraídos: “(..), tá rolando um boato aí na cidade que teve gente que comprou os gabarito. Cê tá sabendo disso?” “Sei não viu, mas esse povo do ..., minha fia, eles é duro. E es... e essa banca, diz que já tá aqui desde ontem. Isso aí pra rolar um dinheirinho num custa nada. Tá um boatão na cidade, viu.”... “Um investigado pergunta se a interlocutora passou, e ela diz que sim, em primeiro (lugar); Ele então diz que já sabia; ela fala que sua nota foi excelente; na sequência ele diz que sabe mexer os pauzinhos; que foi graças a ele.” “O povo tá falando que a maioria do pessoal de Tiros comprou o concurso, pagou quatro mil e quinhentos... pagou esse tanto pra passar. E eu tava falando: Eu num duvido não.”

Em outro diálogo, uma farmacêutica e fiscal municipal aprovadas no concurso, ao falarem da disponibilização do gabarito, uma delas aconselha a outra a ficar calada, dizer que jogou a prova fora e não contar que não conseguiu se sair bem no concurso. Mais adiante a primeira pergunta se a interlocutora foi bem e a outra responde que acha que acertou só 50%. Por sua vez, a primeira revela que acertou 12 questões. Com esse número de acertos, elas estariam reprovadas, no entanto foram consideradas aprovadas dentro das vagas.

No processo, também foi juntado diálogo de pessoas indignadas com a possível fraude: “Boa noite meus amigos. Tô aqui passando pra deixar a minha nota de indignação, até repúdio, com o prefeito ..., que a gente ficou sabendo dos concursos que foi aberto, os edital da prefeitura, que já tá tudo esquemado, que as vagas são de outras... de parentes, de amigos dele. E isso deixa a gente indignado. As pessoa que estuda, se prepara o ano todo, pra tentar uma vaga na prefeitura, não tem chance. Fica aqui minha indignação e meu repúdio contra você, prefeito... Da próxima vez, toma vergonha na cara e deixa a gente tentar uma vaga na prefeitura também. Boa noite...” (homem não identificado)

Na decisão liminar, o juiz Luis Mario Leal Salvador Caetano reconheceu que das 10 vagas ofertadas para o cargo de Assistente Administrativo, 9 classificados já eram contratados (sem concurso) pela Prefeitura de Tiros ou ocupavam cargos comissionados; dos 18 aprovados para o cargo de Auxiliar de Serviços Gerais, 14 também possuíam vínculo temporário com o Município; o certame oferecia uma vaga para o cargo de Assistente Social, sendo classificada, em primeiro lugar, a própria Secretária Municipal de Assistência Social; os 4 primeiros colocados para o cargo de enfermeiro já possuíam vínculo com o Poder Executivo Municipal, sendo a quarta colocada a própria Secretária Municipal de Saúde, cuja mãe, também foi aprovada para o cargo de Técnica em Enfermagem, em 3° lugar, e o marido é membro do Diretório do antigo Democratas, atual União Brasil, pertencente ao atual prefeito.

Registrou, ainda, que o número de vagas ofertadas no edital do concurso foi muito inferior ao número de pessoas contratadas pelo Município, de modo que determinados cargos ofereceram no edital apenas cadastro de reserva, enquanto pessoas aprovadas no certame já estavam contratadas pela municipalidade.

Para o cargo de Farmacêutico Bioquímico foi aberto apenas cadastro reserva, enquanto a municipalidade mantém 2 profissionais contratadas sem o devido concurso público. A segunda colocada para o cargo foi afastada recentemente do cargo por decisão judicial liminar, e tem o marido e pai como membros do Diretório do Democratas em Tiros. A primeira colocada é contratada pelo Município.

De igual modo teria ocorrido quanto ao cargo de fisioterapeuta, em que o edital previu apenas cadastro de reserva, enquanto existiam 02 profissionais contratadas sem o devido concurso pelo Município, e que estas duas fisioterapeutas contratadas foram aprovadas em primeiro e segundo lugar. A primeira colocada é cunhada do Vereador do partido do Prefeito e cunhada da Assessora Jurídica do Município de Tiros e Presidente da Comissão Organizadora do Concurso Público.

O Ministério Público pede que a banca que realizou o concurso devolva os R$57,990,00 arrecadados com as taxas de inscrição e também os R$16.900,00 que a Prefeitura de Tiros pagou pelo serviço, devendo os aprovados não serem nomeados. O Desembargador do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, em Belo Horizonte, Carlos Henrique Perpétuo Braga, manteve a suspensão do concurso.

O Patos Hoje entrou em contato com a Prefeitura Municipal de Tiros e aguarda um posicionamento. Quaisquer dos investigados que eventualmente desejarem poderão enviar seus posicionamentos para o jornal que serão publicados neste espaço.

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