Adolescentes infratores em Minas mudam de vida em programa social do Governo

Iniciativa, que atendeu 490 jovens no ano passado, recebeu investimento de R$1,4 milhão e garantiu a reinserção no mercado de trabalho

O Governo de Minas Gerais destinou cerca R$1,4 milhão para o Se Liga, programa que busca a reinserção social de adolescentes que cometeram atos infracionais assim que eles terminam de cumprir a medida socioeducativa. Em 2015, o programa atendeu 490 jovens e adolescentes com idades entre 16 e 21 anos, 40% deles encaminhados para cursos profissionalizantes e posteriormente para empregos.

O Se liga é uma iniciativa da Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) para jovens e adolescentes egressos das unidades socioeducativas que voluntariamente buscam apoio do programa para ter acesso a diversos serviços públicos de saúde e de educação, a cursos profissionalizantes oferecidos pelo Senai, Senac e outras instituições parceiras, além de encaminhamento para vagas de trabalho.

Segundo o superintendente de Gestão das Medidas de Privação da Liberdade, da Seds, Bernardino Soares, o Se Liga oferece caminhos para que o adolescente possa mudar sua trajetória fora da unidade socioeducativa. “Nossa intenção é contribuir para a sustentação ou continuidade de projetos já desenvolvidos durante o cumprimento da medida, auxiliando na construção de novas oportunidades para esses jovens”, ressalta.

Agarrar a chance

Quem agarrou a chance foi Igor Felix Ataíde, de 18 anos. Antes mesmo deixar a unidade socioeducativa, em Belo Horizonte, ele já havia decidido mudar de vida. Assim que se desligou, aceitou a ajuda dos técnicos do Se Liga que o encaminharam para um curso gratuito de cabelereiro.

Foi no curso que Igor descobriu o talento para cortar cabelos masculinos. “Primeiro eu aprendi o básico e depois me aperfeiçoei no desenho e no corte”, conta.

Igor se tornou um profissional no assunto. O cabelereiro de Caeté, Região Metropolitana de Belo Horizonte, montou um salão especializado em cortes masculinos, bastante frequentado. Ele faz de 15 a 20 cortes por dia.

“Comecei em casa, cortando o cabelo dos amigos. Depois a clientela foi aumentando e, então, abri o salão”, diz Igor, que com o dinheiro do negócio sustenta o filho, de um ano e três meses, e já conseguiu comprar bens, como um lote.

“O Se Liga me ajudou quando eu estava numa situação ruim e me orientou quando eu mais precisava”, afirma o cabelereiro ao comentar a oportunidade que teve de mudar de vida, uma trajetória que inclui ainda a continuidade dos estudos e a faculdade de engenharia.

Outros exemplos

Em outras regiões do estado também são encontrados exemplos bem sucedidos. É o caso do Marcos Vinícius Fidelis, de 20 anos, de Governador Valadares, no Vale do Rio Doce.

Ele se desligou há cinco meses do sistema socioeducativo e contou com a apoio do Se Liga para acessar os serviços públicos de retirada de documentos básicos como certidão de nascimento, carteira de identidade, CPF e carteira de trabalho. O jovem ainda teve a ajuda do programa para fazer curso profissionalizante de barman, montar o currículo e ainda receber orientação para entrevistas de emprego.

Há dois meses Marcos Vinícius trabalha numa fábrica de vidros temperados, com carteira assinada. Nos fins de semana, quando tem oportunidade, é chamado para trabalhar como garçom em festas. Além disso, ele e a esposa, que está grávida, foram incluídos no Cadastro Único (CAD – Único) para receber benefícios de programas sociais como Minha Casa, Minha Vida, Bolsa Família e Aluguel Social Municipal.

“Os adolescentes chegam aqui com histórias de muita vulnerabilidade, de abandono. Muitos não possuem nenhuma documentação. Então orientamos e fazemos todos os encaminhamentos para que o jovem consiga a reinserção social e também no mercado de trabalho”, afirma a psicóloga Jaqueline Alves, coordenadora do Se Liga, regional Vale do Rio Doce e Mucuri.

“Agora é vida nova. A vida em que eu estava não compensava”, afirma Marcos Vinícius, que pretende concluir o ensino médio e fazer faculdade de engenharia civil.

Expansão

O programa Se Liga está presente em dez municípios: Belo Horizonte e Sete Lagoas (Região Metropolitana), Juiz de Fora e Muriaé (Zona da Mata), Governador Valadares (Rio Doce), Teófilo Otoni (Mucuri), Pirapora e Montes Claros (Norte de Minas), Uberlândia e Uberaba (Triângulo).

O superintendente de Gestão da Medidas de Privação, Bernardino Soares, anunciou que até o final de 2017 o Governo do Estado pretende implantar o programa em Patrocínio e Tupaciguara (Triângulo), Patos de Minas (Alto Paranaíba), Passos (Sul de Minas) e Ipatinga (Vale do Aço). Segundo ele, o Se Liga vai fazer um trabalho conjunto com as unidades de internação, possibilitando a reinserção social de um número maior de adolescentes em todo o estado.

O superintendente destaca que o programa fortalece os vínculos comunitários e familiares do adolescente para evitar que ele volte a cometer atos infracionais. “A intenção do Governo é ter um trabalho diferenciado para o adolescente e transformar Minas Gerais em referência no atendimento socioeducativo”, conclui Soares.

Fonte: Agência Minas

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