Polícia prende homem que usou os próprios filhos para tirar dinheiro dos fiéis em Patos de Minas

O homem de 50 anos, acusado de simular doença grave e de usar o próprio filho de 12 anos para tirar dinheiro das pessoas, foi preso na noite dessa segunda-feira (27) pela Polícia Militar. Outro filho dele de 22 anos também foi preso em flagrante. Além do garoto de 12 anos, que é usado na prática do golpe, outro filho do suspeito, um menino de 9 anos também estava no carro e o Conselho Tutelar precisou ser acionado. A abordagem ocorreu na BR-365, no município de Buritizeiro, após acompanhamento iniciado em Patos de Minas.

A atitude do homem causou revolta. No domingo, ele foi até uma igreja de Patos de Minas e, empurrando o filho na cadeira de rodas, pediu ajuda aos fiéis, dizendo o garoto estava com câncer e que precisava de dinheiro para fazer uma ciruriga de emergência. Em um cartaz com a frase “Ajude um pai a manter o filho vivo”, ele convenceu dezenas de pessoas a doarem dinheiro. “Fez até fila pra ajudar ele”, relatou uma testemunha. Só mais tarde é que os doadores descobriram se tratar de um golpe. No decorrer dessa segunda-feira (27), a Polícia Militar registrou três ocorrências de estelionato em igrejas da cidade de Patos de Minas. Segundo relatos das vítimas, o homem de 50 anos compareceu aos templos religiosos acompanhado de seu filho de 12 anos, alegando que o menino estaria com um tumor cerebral e precisaria de ajuda financeira para realizar uma cirurgia no valor de R$100 mil em um hospital de São Paulo. Ele contava com o apoio do outro filho, de 22 anos, em nome de quem estava registrada a conta bancária utilizada para receber os depósitos das vítimas.

Os autores chegaram a utilizar o microfone das igrejas e distribuíram panfletos com dados de PIX para arrecadar valores, afirmando que já haviam conseguido parte da quantia e necessitavam do restante para o tratamento. As vítimas relataram que o homem afirmava ter autorização dos líderes religiosos para fazer os pedidos, o que foi posteriormente desmentido pelos responsáveis das paróquias.

Após a divulgação dos folhetos nas redes sociais, outras pessoas também realizaram doações, acreditando se tratar de um caso verdadeiro. Com base nas informações colhidas e na identificação do veículo utilizado — um VW/SpaceFox —, equipes policiais iniciaram diligências que resultaram na localização e abordagem do automóvel na BR-365, já em Buritizeiro.

Durante a abordagem, os policiais constataram que o carro estava ocupado pelos dois autores (pai e filho, de 50 e 22 anos) e por duas crianças, de 9 e 12 anos. No porta-malas, foi encontrada uma cadeira de rodas, além de panfletos contendo a imagem do menino de 12 anos, que aparecia de máscara hospitalar e supostamente acamado. Dentro do veículo, também foram localizados diversos laudos e atestados médicos aparentemente falsificados, contendo erros de grafia, informações incoerentes e registros profissionais inexistentes.

O homem de 50 anos ainda tentou manter a farsa diante dos policiais, afirmando que o filho de 12 anos sofria de um tumor cerebral e não conseguia andar. Contudo, o menino caminhava normalmente e só se sentou no veículo após ser orientado pelo pai. Questionado, o garoto acabou admitindo que seguia as instruções do pai para fingir estar doente e pedir ajuda financeira em igrejas.

No veículo foram apreendidos os documentos falsos, panfletos com QR Code para doações via PIX e a quantia de R$ 5.975,00 em dinheiro.

Confrontado com as provas, o autor de 50 anos confessou que simulava a doença do filho para arrecadar dinheiro, contando com o apoio do filho mais velho, de 22 anos. Ele também revelou que havia retirado as crianças da escola há cerca de dez dias e viajava por várias cidades praticando o mesmo golpe.

Durante consulta aos sistemas policiais, verificou-se que o homem já possui antecedentes e responde a processo por estelionato em outro estado, onde utilizou outro filho, atualmente com 17 anos, para cometer crimes semelhantes.

O Conselho Tutelar de Buritizeiro foi acionado e acompanhou o caso, prestando a devida assistência às crianças.

Diante dos fatos, os autores foram presos em flagrante pelos crimes de estelionato, corrupção de menores e uso de documento falso. O dinheiro, os documentos falsificados, a cadeira de rodas e o veículo utilizado na prática criminosa foram apreendidos.