Garota de 15 anos em Patos de Minas ganha na justiça o direito a ter dois pais
O caso de multiparentalidade foi decidido esta semana no Tribunal de Justiça de Minas Gerais, em Belo Horizonte.
Uma estudante do Ensino Médio em Patos de Minas acaba de ganhar na justiça o direito a ter dois pais na certidão de nascimento. O caso de multiparentalidade foi decidido esta semana no Tribunal de Justiça de Minas Gerais, em Belo Horizonte. O advogado da menor, Luiz Varella, ressaltou que não houve qualquer pedido financeiro.
Luiz Varella recebeu a equipe do Patos Hoje em seu escritório e falou sobre o caso que corre em segredo de justiça, por isso nenhuma das partes serão identificadas. Segundo o jurista, tudo começou quando a mãe da adolescente procurou o defensor informando que a pessoa que havia criado a filha como pai não era o pai biológico. Diante disso, foi proposta a ação judicial para que tanto o afetivo quanto o biológico fossem declarados pais da adolescente.
A história, contudo, foi parar em Belo Horizonte. O pai biológico da estudante argumentou que, como já havia um pai declarado e registrado, não haveria necessidade de outra paternidade. Mas os desembargadores não entenderam dessa forma. O advogado explicou que atualmente o Supremo Tribunal Federal entende que há uma igualdade entre o pai que criou e o pai biológico. “Nenhum nem outro é melhor ou mais que o outro”, destacou.
O caso ainda não foi encerrado, mas o advogado explicou que não deve haver alteração. Uma das situações que contribuiu para que isso aconteça é que não houve por parte da estudante qualquer pedido relativo à questão financeira. “A garota foi categórica em dizer que desejava apenas o reconhecimento familiar”, contou. Varella explicou que esta foi a melhor decisão visto que seria doloroso para a garota escolher quem deveria ser o verdadeiro pai.
Diante de toda a situação, a certidão de nascimento dela deverá constar a mãe e o nome dos dois pais, sem haver qualquer diferenciação. “Atualmente há vários formatos de família reconhecidos pelo direito brasileiro. Este caso se assemelha, por exemplo, à adoção feita por casais homoafetivos”, explicou Varella.
A história da gravidez
Não houve qualquer engano proposital. A mãe da estudante terminou um relacionamento e começou outro em seguida. No entanto, ela já estava grávida e não havia percebido. O engano só foi desfeito há cerca de dois anos quando foram feitos dois testes de DNA. Nos exames, ficou evidenciada a não paternidade biológica do pai afetivo e o reconhecimento do pai biológico.
Autor: Maurício Rocha