Família denuncia discriminação racial e por idade em atendimento na Caixa de Patos de Minas

A família de uma senhora de 73 anos diz que ela foi discriminada por causa da idade e da cor nessa sexta-feira (04) em Patos de Minas. A idosa que não sabe ler teria sido impedida de ter o acompanhamento das filhas em uma transação bancária. Após o impedimento, as filhas gravaram imagens com o celular e relataram nas redes sociais que houve discriminação tanto pela idade da mãe, quanto pela questão racial, já que as três são negras. A ocorrência policial foi registrada e vão ingressar na justiça.

O Patos Hoje conversou neste sábado (05) com Fabiana Cristina dos Santos Jesus, uma das filhas da idosa. Segundo Fabiana, ela e a irmã foram até a agência da Caixa Econômica Federal na Rua Olegário Maciel, por volta das 12h40, seguindo todas as medidas de prevenção à Covid-19, acompanharem a mãe que é uma pessoa que só sabe assinar o nome e precisa ser acompanhada.

A idosa precisava fazer uma transferência de R$210 mil para a aquisição de um imóvel. De acordo com Fabiana, a mãe sempre teve o acompanhamento das filhas por causa das dificuldades que ela possui, por isso era importante o apoio. Porém, tanto ela quanto a irmã não puderam entrar na agência para fazer o acompanhamento.

Fabiana chegou a ser impedida de fazer a própria transação que precisava realizar. “Eu também sou cliente da Caixa Econômica e tinha que fazer a transferência de outro valor para concluir o pagamento. Por isso, me dispus a acompanhá-la. Mas isso também não foi permitido”. Segundo Fabiana, o guarda chegou a fechar a agência mesmo estando no horário de atendimento.

Fabiana afirmou que foram vítima de discriminação, já que outras pessoas estavam sendo atendidas normalmente na agência, inclusive com acompanhamento. Ela também informou que os guardas alteraram o tom e proferiram comentários desrespeitosos a elas. “Só depois que começamos a filmar que eles foram mais educados”, disse.

Fabiana destacou que, de acordo com o Estatuto do Idoso, nenhum idoso será objeto de qualquer tipo de negligência, discriminação, violência, crueldade ou opressão, e todo atentado aos seus direitos, por ação ou omissão, será punido na forma da lei, sendo crime quem discrimina pessoa idosa, impedindo ou dificultando seu acesso a operações bancárias, aos meios de transporte, ao direito de contratar ou por qualquer outro meio ou instrumento necessário ao exercício da cidadania.

Segundo ela, a mãe teve que fazer o procedimento sozinha e assinou sem saber qual documento. Fabiana contou que o guarda da agência acionou a Polícia Militar, mas os policiais não foram ao local. Elas aguardaram, mas como não compareceram, foram até a delegacia para registrar a ocorrência. “Quando fomos acionar a polícia, nos disseram que “barraqueiras” estavam tumultuando o atendimento na Caixa”, disse. A ocorrência policial foi registrada e a família vai procurar a justiça, porque, segundo elas, houve discriminação racial e por idade. Toda a situação foi exposta nas redes sociais e o fato ganhou grande repercussão.

O Patos Hoje entrou em contato com a Assessoria de Comunicação da Caixa Econômica Federal e recebeu o seguinte posicionamento: "A CAIXA informa que, em virtude da pandemia do COVID 19, há limitação de pessoas no interior das agências no intuito de evitar aglomerações. Há um informativo externo explicando que o limite de pessoas na Agência Patos de Minas são 87 pessoas. A CAIXA esclarece que no interior da Agência Patos de Minas já haviam 87 pessoas, sendo o limite permitido para o horário, e que cliente foi atendida e teve seu pedido realizado. A CAIXA repudia todas as atitudes de preconceitos relacionadas à origem, raça, gênero, cor, idade, religião, credo, classe social, incapacidade física e quaisquer outras formas de discriminação. Ressaltamos que as relações da CAIXA com seus clientes e usuários são orientadas pela ética, com respeito aos direitos humanos universais."