Dia do Orgulho LGBTQIA+: conheça as vivências de quem luta contra o preconceito

São muitos os relatos de pessoas que sofreram com o discurso intolerante da sociedade.

Nesta segunda-feira (28), se celebra o Dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+, data que é um marco na luta contra a LGBTfobia em todo o planeta. O dia 28 de junho foi escolhido em referência à Rebelião de Stonewall Inn, quando uma mobilização popular tomou as ruas de Nova York em 1966 em um movimento contra a truculência empregada pela Polícia Americana em um bar LGBTQIA+ da cidade.

Ainda hoje, depois de 55 anos de luta, a violência contra homossexuais, transsexuais, pessoas intersexo, queer e assexuais segue sendo realidade, especialmente no Brasil. Em Patos de Minas, a situação não é diferente. São muitos os relatos de pessoas que sofreram com o discurso intolerante da sociedade.

É o caso do DJ, performer e professor de dança Geovane Martins, de 27 anos. Em conversa com o Patos Hoje, Geovane revelou que sofre com o preconceito desde a infância.
“O primeiro cenário [de homofobia] que me deparei foi na própria escola mesmo, por ter me aceitado como gay muito novo”, conta o jovem, que chegou a se afastar dos estudos por um tempo devido às agressões que sofria. “Lembro que sofria bullying todos os dias pelos trejeitos, por ser afeminado, até de professores eu sofria isso. Eu era um aluno ótimo, minhas notas eram altas, mas eu não tinha mais prazer de estudar”.

Foi aos 14 anos que Geovane descobriu a dança como uma forma de se expressar e de se proteger do bullying. Ele ainda não sabia que, anos depois, a arte se tornaria sua carreira profissional.
“Desde criança, sempre fui apaixonado com dança e com performances, tanto que minhas inspirações são Britney Spears, Beyoncé, Madonna, The Pussycat Dolls, que foi o que eu cresci ouvindo e vendo os clipes. Eu sempre falava que queria dançar daquele jeito, a dança foi uma fuga pra tudo naquela época por conta do bullying”, revelou.

Além da dança, Geovane também se encontrou em uma outra forma de arte. Como drag queen, ele dá a vida à personagem Ameerah e faz performances em festas na cidade, atuando também como DJ.
"Essa ideia de ter uma drag DJ não é novidade no mundo, mas, para Patos, foi, porque não tinha ninguém antes. Para ser diferente no que eu faço, acrescentei dança no meu set e dublagem, que é o meu diferencial", explica Geovane, que não pôde mais atuar desde o início da pandemia de Covid-19. "Atualmente, a Ameerah está de férias Premium, doida para essa pandemia passar para voltar com tudo".

Aos poucos, Geovane passou a assumir um papel muito importante dentro da comunidade LGBTQIA+ patense. Ele reconhece que todos os percalços que enfrentou o ajudaram a se fortalecer.
“Eu me considero uma pessoa extremamente forte, porque quanto mais apanhava, mais forte me tornava”, conta. "Para mim, é uma vitória, para algumas pessoas pode não parecer nada, mas ter conquistado meu espaço aí na cidade como Drag Queen, com as minhas aulas de dança, com meu ativismo e ter gente que se espelha em mim é muito especial”.

O esforço de Geovane também tem sido reconhecido além do ambiente da comunidade LGBTQIA+. Em novembro de 2019, o jovem recebeu uma moção de aplausos da Câmara Municipal de Patos de Minas por seu ativismo na luta contra a intolerância na cidade. Para o jovem, a atuação do Poder Público é fundamental no combate à homofobia e à transfobia.
“Precisamos de políticas públicas e inclusivas para todos os grupos. Também é preciso dar mais espaço nas mídias para as pessoas do meio LGBT expressarem sua vivência, porque acredito que todos passariam a olhar com outros olhos”, defende.

Ainda segundo Geovane, o Dia Internacional do Orgulho LGTQIA+ é o símbolo de uma luta que não surgiu nos últimos anos, mas que tem evoluído a cada década na proteção da comunidade.
“Esse dia é um dia histórico para comunidade LGBTQIA+. Porque, para eu estar aqui de pé hoje, inúmeras pessoas da nossa comunidade morreram para que eu tivesse alguns direitos”, afirma.

“Ainda tenho que ouvir pessoas dizendo que nós queremos privilégios”, completa Geovane. “Eu quero, sim, privilégios: o privilégio de poder andar livremente sem sofrer agressão; privilégio de saber que ninguém vai me matar por ser quem sou; privilégio de não ser expulso de casa por ser quem sou; privilégio de poder abraçar meu companheiro na rua sem tomar uma lâmpada na cara... Se isso é querer privilégios, então, de fato, eu quero”.

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