Desconhecida da população, cédula de R$ 200,00 completa 1 ano já corroída pela inflação
Além disso, pouca gente já a teve no bolso e quem a recebeu faz questão de guardar como uma joia rara.
A cédula de R$ 200,00 foi lançada no Brasil em 2 de setembro
de 2020, ou seja, há pouco mais de um ano. No entanto, por esses mais de 12
meses, seu valor já teve uma queda considerável. A cédula, basicamente de cor
cinza, perdeu mais de 9% do seu valor e já não compra o mesmo que o ano
passado. Além disso, pouca gente já a teve no bolso e quem a recebeu faz
questão de guardar como uma joia rara.
O Planejador Financeiro Fiduciário, Fulgêncio Bomtempo, foi
quem explicou porque a nova cédula perdeu esse valor em tão pouco tempo.
Segundo ele, a inflação medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao
Consumidor Amplo), dos últimos 12 meses encerrados em julho/2021, foi de 8,99%.
A projeção para agosto é de uma alta de 0,36% a mais que 2020, o que daria uma
inflação acumulada de 9,35%. Ou seja, após 1 ano do lançamento da cédula de
R$200, ela possui um valor real de aproximadamente R$181,30, não comprando mais
a mesma cesta de produtos que em 2020.
Sobre a cédula não ser de conhecimento da maior parte da
população, Fulgêncio também explicou que isso acontece porque “quanto maior o
valor de uma cédula, menor tende a ser a circulação da mesma no mercado, por
isso muitas pessoas ainda não a tiveram em mãos”. O Patos Hoje perguntou se o
empobrecimento da população não teria também reflexo nessa falta de circulação,
sendo respondido que essa questão seria mais para dados econômicos mais
técnicos, não sendo da área de expertise do profissional.
Segundo o DIEESE, a desigualdade social foi aprofundada com
a pandemia, aumentando o número de pessoas em situação de extrema pobreza,
segundo dados do Cadastro Único para programas sociais (CadÚnico). Em março de
2020, início da pandemia no Brasil, havia cerca de 13,5 milhões de pessoas na
extrema pobreza, contingente que, em março deste ano, havia aumentado em 784
mil pessoas, o que representa um crescimento de 5,8%. O órgão ressalta ainda
que o número de pessoas na extrema pobreza já havia aumentado entre 2019 e
2020, portanto antes da pandemia, em 3,0%. Isto é, entre o início de 2019 e o
início de 2021, quase 1,2 milhão de pessoas ingressaram na extrema pobreza no
Brasil, o que corresponde a um aumento de 9,0%.
Segundo números projetados pela FGV, entre agosto de 2020 e
fevereiro de 2021, cerca de 17,7 milhões de pessoas voltaram à pobreza. Em
agosto, a população pobre era cerca de 9,5 milhões: 4,52% do total de
brasileiros, 210 milhões. Em fevereiro, passou para 27,2 milhões: 12,83%. Em
2019, antes da pandemia, os dados consolidados apontavam para uma porcentagem
de 10,97% dos brasileiros na extrema pobreza, ou seja, ganhando menos que R$
246 por pessoa.
E a falta de circulação da cédula pode ter ainda outros
fatores além do valor mais alto e do empobrecimento da população. Muita gente
praticamente deixou de usar dinheiro em espécie, preferindo as transações
digitais. Quando se faz a pergunta se já recebeu a cédula, a reposta na maior
parte das vezes é que nunca viram. Por outro lado, comprovando a raridade da
cédula, quem responde que a recebeu, dizem que fazem questão de guardar em
casa, como uma relíquia, o que é nada aconselhável, já que ela vem perdendo o
valor a cada dia.
A nota de R$ 200, que homenageia o lobo-guará, animal da
fauna brasileira, típico do cerrado e ameaçado de extinção, passou a integrar a
Segunda Família de Cédulas do Real, lançada em 2010. Naquele ano, passaram a
circular no país notas com elementos de segurança mais modernos e fáceis de
verificar. Até então, estava em circulação no Brasil notas de R$ 2, R$ 5, R$ 10,
R$ 20, R$ 50 e R$ 100.