O ministro da Saúde, Nelson Teich, assegurou nesta segunda-feira que o governo não adotará nenhuma “medida intempestiva” com relação ao afrouxamento das ordens de isolamento social estabelecidas para conter o avanço do coronavírus, mas ressaltou que o país tem situações diversas relacionadas à doença em suas diferentes localidades.

Teich prometeu para esta semana a definição de diretrizes para orientar Estados e municípios a decidirem sobre as medidas de isolamento, o que tem provocado preocupação entre especialistas em saúde pública devido ao avanço da doença em alguns Estados.

Segundo o ministro, as recomendações do ministério sobre o afrouxamento do isolamento serão baseadas em informações que garantam a segurança das pessoas e as condições de funcionamento dos sistemas locais de saúde.

“Ninguém vai incentivar medidas que restrinjam a contenção sem a informação adequada”, afirmou o ministro em entrevista coletiva, no Palácio do Planalto, sobre a situação da doença no país.

“A gente vai buscar informação necessária para tomar as decisões”, acrescentou, em sua primeira entrevista técnica sobre a Covid-19 desde que tomou posse, dia 17 de abril.

Teich, que assumiu o cargo depois que o então ministro Luiz Henrique Mandetta entrou publicamente em atrito com o presidente Jair Bolsonaro sobre as medidas de isolamento social, ainda não informou quais serão os parâmetros adotados pela pasta ao apresentar as diretrizes.

Bolsonaro é crítico declarado das medidas de contenção social, afirmando que os impactos econômicos provocados são piores do que os problemas provocados pela própria doença.

O Ministério da Saúde informou que cerca de 40% dos municípios brasileiros não têm sequer um caso confirmado de coronavírus ou de qualquer síndrome respiratória, o que permite o afrouxamento de medidas de contenção social.

“Esses municípios podem atuar de maneira diferenciada quando comparada com municípios que têm muitos casos. É isso que estamos auxiliando nas métricas para a retomadas de todas as atividades”, disse o secretário de Vigilância em Saúde do ministério, Wanderson Oliveira.

ATENÇÃO ESPECIAL

Por outro lado, a pasta ressaltou três cidades específicas que precisam de uma atenção especial devido ao avanço da Covid-19 e a escassez de infraestrutura hospitalar: Manaus, Belém e Rio de Janeiro.

Nos casos de Amazonas e Rio de Janeiro, os governos estaduais já anunciaram que suas redes de saúde atingiram o limite devido ao avanço da Covid-19. O Rio é o segundo Estado mais afetado pela doença no Brasil, com 7.944 casos e 677 mortes, e o Amazonas tem 3.928 casos e 320 mortes.

São Paulo é o Estado mais afetado pela doença no país, que passou nesta segunda-feira das 4.500 mortes e de 66,5 mil casos.

O ministro também anunciou nesta segunda-feira que solicitou o apoio do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para definir a melhor parcela da população a ser testada para Covid-19 de forma a entender o panorama da doença.

Apesar de ter previsão de realizar 46 milhões de testes, até o momento o governo vem enfrentando dificuldade para ampliar a capacidade de testagem, o que tem resultado em uma subnotificação da doença. Até o dia 22 de abril, cerca de 340 mil testes tinham sido enviados aos Estados, dos quais 181 mil tinham sido aplicados, segundo dados do ministério.

“Em relação a quem testar, como testar e quando testar, a gente está trazendo o IBGE pra nos ajudar a definir qual é a melhor amostra da população para ser testada, para que ela possa dar informação que a gente precisa para o entendimento da doença”, disse.

Teich não informou qual será o papel específico do IBGE.

Fonte: Reuters