Funcionários do Hospital São Lucas fizeram um protesto no final da manhã desta segunda-feira (24) e decidiram entrar em greve por tempo indeterminado. Eles reclamam que estão sem receber os salários do mês de maio. Além disso, os enfermeiros, técnicos e médicos cobram melhores condições de trabalho.

Lourdes Estevam trabalha no Hospital São Lucas desde 1996. Ela afirma que este é o pior momento da unidade hospitalar. “O hospital está vazio porque não tem medicamento para receber os pacientes”, reclama Lourdes. A UTI Neonatal que tem capacidade para receber 20 recém-nascidos está apenas com três bebês. Um dos CTIs adultos foi interditado, segundo os funcionários, porque o antigo administrador levou os equipamentos.

A grave crise que se abateu sobre o Hospital São Lucas está deixando os profissionais desestimulados. A técnica em enfermagem, Daniela Cristina Ribeiro esteve na unidade nesta manhã não para trabalhar, mas para pedir as contas. Ela disse que os constantes atrasos de pagamento têm dificultado até para comprar os medicamentos para a filha que é autista.

Os funcionários também reclamam da postura dos novos administradores. O Grupo Pró Saúde, que foi nomeado pela Justiça como interventor, não estaria cumprindo o que foi prometido aos profissionais. O Grupo Pró-Saúde deverá permanecer a frente do Hospital São Lucas pelo período de seis meses. Depois disso, a estrutura deverá ser devolvida ao proprietário, que é o médico Sérgio Piau.

Sem condições de trabalho e sem receber salários, os funcionários decidiram protestar. Hoje, eles trocaram as roupas brancas tradicionais dos profissionais de saúde por roupas pretas. Reunidos em frente à recepção do Hospital São Lucas, eles decidiram entrar em greve a partir de amanhã. Segundo Lourdes Estevam será mantido o percentual mínimo de 30% de profissionais para garantir o atendimento aos pacientes de urgência.

O presidente da Comissão de Saúde da Câmara Municipal, o vereador Mauri da J.L esteve no local e conversou com os administradores e também com os funcionários. Ele disse que os administradores prometeram quitar os salários e o vale-alimentação ainda esta semana. O parlamentar tentou intermediar uma negociação, mas os servidores optaram pela greve a partir de amanhã.

A redação do Patos Hoje entrou em contato com a assessoria de comunicação do Grupo Pró Saúde que enviou a seguinta nota:

NOTA

A Pró-Saúde destaca que foi indicada pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais para realizar intervenção na unidade durante os próximos seis meses, com o objetivo de normalizar os serviços de saúde à população, durante processo judicial envolvendo o hospital.

Em avaliação preliminar, prevista para ser concluída nas próximas semanas, a Pró-Saúde identificou um déficit que já ultrapassou R$ 14 milhões, incluindo dívidas com funcionários (trabalhista) e com fornecedores. A Pró-Saúde, porém, estima que este valor seja maior em razão de dívidas ainda não apuradas. Foi constatada, também, a falta de insumos e medicamentos essenciais para o funcionamento do hospital.

Desde o dia 21 de maio, a Pró-Saúde vem tomando medidas para assegurar a continuidade dos serviços e realizou o abastecimento do hospital, bem como regularizou o pagamento dos salários atrasados (abril) no próprio mês de maio, após repasse de recursos da Prefeitura de Patos de Minas. Já os salários vencidos no quinto dia útil de maio devem ser quitados nesta semana. Os salários de junho serão quitados com prioridade, assim que o Hospital dispor de recursos.

Nos próximos dias, será apresentado à Justiça um plano de trabalho com foco na sustentabilidade, qualidade e humanização do atendimento oferecido aos pacientes do Hospital São Lucas.

A Pró-Saúde é uma entidade filantrópica que realiza a gestão de serviços de saúde e administração hospitalar há mais de meio século. Seu trabalho de inteligência visa a promoção da qualidade, humanização e sustentabilidade. Com 16 mil colaboradores e mais de 1 milhão de pacientes atendidos por mês, atualmente realiza a gestão de unidades de saúde presentes em 23 cidades de onze Estados brasileiros — a maioria no âmbito do SUS (Sistema Único de Saúde). Atua amparada por seus princípios organizacionais, governança corporativa, integridade e valores cristãos.