Cerca de 500 pessoas entre produtores rurais, estudantes de ciências agrárias, pesquisadores, lideranças e empresários do agronegócio participam do encontro.

Novas tecnologias para a pecuária da região estão sendo apresentadas nesta quarta-feira (25) em um Encontro Técnico realizado na Fazenda Experimental da Epamig na localidade de Sertãozinho em Patos de Minas. O presidente da Empresa de Pesquisa, Rui Verneque, o secretário de estado da agricultura, João Cruz e o vice-governador do Estado, Antônio Andrade, participam da programação.

O Encontro Técnico é realizado através de uma parceria entre a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG), Sindicato dos Produtores Rurais, Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), Centro Universitário de Patos de Minas (Unipam) e Associação Brasileira dos Criadores de Zebu - ABCZ. As atividades fazem parte da programação da Fenamilho.

O Encontro Técnico visa promover a tecnologia agropecuária para o Cerrado Mineiro e a geração de conhecimento aplicado e inovador. Estações de campo apresentam novas tecnologias com foco na pecuária regional. A programação também inclui a celebração do Dia do Zootecnista – com entrega de homenagem ao zootecnista do ano. O escolhido este ano é o presidente da Epamig, Rui Verneque.

Os participantes do Encontro ainda tem a oportunidade de adquirir animais da raça zebu por meio do Programa de Melhoria da Qualidade Genética do Rebanho Bovino do Estado de Minas Gerais (Pró-Genética). Também aconteceu o lançamento da Prova de Ganho de Peso (PGP), programa inédito para a melhoria genética do rebanho nelore, que será implantado no Campo Experimental Sertãozinho da EPAMIG com a chancela de excelência e qualidade da ABCZ.

O encerramento oficial do Encontro contará com a presença de grandes nomes e líderes da agropecuária que vão apresentar o “Panorama do Agronegócio em Minas Gerais”. O público também terá acesso aos programas do Sebrae de incentivo ao setor e ao programa “Rede de Fazendas Protegidas”, trabalho dedicado à segurança nas propriedades rurais, coordenado pela 10ª Região da Polícia Militar, que terá uma base na Fazenda Experimental do Sertãozinho.

Cerca de 500 pessoas entre produtores rurais, estudantes de ciências agrárias, pesquisadores, lideranças e empresários do agronegócio participam do encontro.

Veja o que será mostrado em cada estação:

Estação 01 - Na primeira estação do Encontro Técnico do Produtor Rural, o coordenador técnico regional de bovinocultura da Emater-MG, Sérgio Glicério Martins, vai apresentar o tema “Sistema de Gerenciamento da Atividade Leiteira”. Segundo ele, a cadeia de valor da bovinocultura de leite presente em grande parte dos municípios mineiros, sendo uma das responsáveis pela permanência das famílias rurais no campo, tem em seu diferencial a liquidez do investimento, viabilizando rendas mensais com a venda do leite e anuais com a venda de animais. “No entanto, é uma atividade com muitas variáveis a serem gerenciadas que podem, em seu somatório, comprometer ou inviabilizar o negócio”, alerta o coordenador.

De acordo com Sérgio Glicério, desenvolver um sistema que possa controlar ou sinalizar pontos de atenção na atividade, levando os técnicos e produtores a verificação sistemática dos vários itens, poderá de forma pedagógica otimizar a gestão, melhorar os índices zootécnicos, a produtividade, a qualidade do leite e a dos bezerros. “Neste contesto torna-se necessário disponibilizar ao produtor um diagnóstico constante de seu negócio, para que de forma cirúrgica possa fazer as intervenções necessárias para o sucesso financeiro da atividade, gerando renda e qualidade de vida a sua família”, adianta.

Estação 02 – “Integração Lavoura-Pecuária-Floresta” será o tema da estação 02, ministrada pelo professor e coordenador do curso de Zootecnia do UNIPAM, doutor Ronan Magalhães de Souza. Segundo o professor, o tema proposto vem de encontro a uma necessidade de adaptar os sistemas de produção para atender a uma demanda nacional crescente. “O Brasil é o maior exportador de carne bovina do mundo e o segundo maior produtor. É responsável por 17 % da produção mundial e fica atrás apenas dos Estados Unidos da América que detém 19%. As previsões indicam que até 2020 o país ultrapassará essa marca, chegando ao patamar de maior produtor mundial de carne bovina. Essas estatísticas são um reflexo de nossa posição geográfica apropriada, com vasto território dotado de condições edafoclimáticas para produção de animais mantidos, em grande parte do tempo, em pastagens”, explica.

Segundo ele, ao longo das últimas décadas a pecuária tem incrementado sua população bovina em pastagens com áreas cada vez menores graças às estratégias metodológicas desenvolvidas pelos centros de ensino e pesquisa do país, que culminam com uma atividade cada vez mais eficiente. Em números, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 1970 até 2006 houve um incremento de 2,99% nas áreas ocupadas com pastagens (naturais e cultivadas), valor este muito inferior ao incremento obtido no efetivo do rebanho correspondente a 129,6% referente ao período de 1970 (94,5 milhões de cabeças) a 2014 (212,34 milhões).

Ronan de Souza salienta que entre as técnicas empregadas para o aumento nessa densidade de animais mantidos em pastagens pode-se destacar a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) ou Sistemas Agrossilvipastoris. “Consistem basicamente na diversificação de atividades produtivas, em uma mesma área da propriedade rural, com objetivos comuns de incrementar a renda do produtor e de garantir sistemas de produção agropecuários perenemente sustentáveis”, explica. Na sua palestra ele vai destacar as inúmeras vantagens dessa associação de espécies.

Estação 03 - A estação 03 terá o lançamento de quatro novas variedades forrageiras, todas já devidamente registradas no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e com proteção de cultivar. Serão demonstradas as variedades MG 12 – Paredão, MG 13 – Brauna, MG 7 – Tupã e MG 11 – Tijuca.

Segundo o zootecnista da empresa Matsuda, Eduardo Pimenta Peres, a cultivar MG12 Paredão, tem como principal característica a alta produção de forragem, com folhas bastante compridas e largas, quando comparada à Mombaça. Apresenta rebrota vigorosa, rápida e uniforme, além de boa tolerância à seca, quando comparada a outras cultivares de Panicum existentes no mercado.

Já a cultivar MG13 Braúna, de acordo com o departamento de Pesquisa e Desenvolvimento, é uma cultivar de brachiaria brizantha de rápida rebrota, com boa produção de forragem, bem distribuída e boa qualidade nutricional. Apresenta ainda melhor adaptação à seca e ao veranico quando comparada à MG-4.

Eduardo Pimenta indica a MG7 – Tupã como uma planta forrageira para solos de média a baixa fertilidade, para solos poucos profundos e também com cascalho. “É uma ótima opção para regiões mais secas. Recomendada para bovinos nas fases de cria, recria e engorda e também pode ser consumida pelos equinos”, informa.

O zootecnista acrescenta ainda que a variedade MG 11 – Tijuca possui boa qualidade nutricional, tolera solos de média a baixa fertilidade. Também é recomendada para bovinos nas fases de cria, recria e engorda. Pode ser utilizada também para equinos. “A boa tolerância aos solos mal drenados faz com que a MG11 Tijuca seja uma boa opção para substituir a Humidicola nestas áreas. Além disso, possui a vantagem de apresentar melhor qualidade nutricional e as sementes não apresentam dormência”, acrescenta.

Estação 04 - O tema da quarta estação é “Pró-Genética: Vantagens do touro P.O. no cruzamento de rebanhos comerciais”. O Gerente de Melhoramento da ABCZ, Lauro Fraga Almeida, vai abordar as raças zebuínas, seu histórico e adaptação ao clima e pastagens brasileiras. Vai demonstrar o custo benefício do investimento em um touro zebuíno P.O., além das vantagens dos cruzamentos dos touros P.O. com matrizes leiteiras e de corte. O público vai conhecer as exigências para participação de touros zebuínos nas feiras do Pró-Genética. O gerente de melhoramento vai tratar ainda da importância do Registro Genealógico Definitivo (RGD), do Exame Andrológico e dos Exames Sanitários.

Estação 05 - A Estação 05 será de demonstração e degustação de receitas feitas com soja. A pesquisadora em genética e melhoramento vegetal da EPAMIG, Ana Cristina Juház, vai demonstrar as cultivares de soja desenvolvidas para alimentação humana.

Serão apresentadas três tipos.  Segundo Ana Cristina, a BRSMG 790A, de tegumento amarelo, utilizada para o preparo de saladas e extrato de soja, tem sabor suave e é de fácil cozimento. Já a BRSMG 800A, de tegumento marrom, utilizada para saladas, é cozida junto com o feijão carioquinha e indicada para o preparo de tropeiro. “Possui alto teor de ferro”, comenta.

Outro tipo que será apresentada é a BRSMG 715A. De tegumento preto é utilizada para o preparo de saladas e para o preparo de `sojoada´. “Esta cultivar tem ciclo precoce, de cozimento rápido e ainda possui antioxidante natural, a antocianina, que ajuda a reduzir o envelhecimento das células”, comenta a pesquisadora.

Ana Cristina garante que todas as variedades são muito saborosas. “O público poderá comprovar esse sabor por meio da degustação da salada, com três variedades, e ainda a soja tropeira com a marrom”, acrescenta.

Autor: Maurício Rocha