A Procuradoria-Geral da República (PGR) deu prazo de 10 dias para que delatores premiados da J&F expliquem repasses da JBS S.A. para o escritório de advocacia de Frederick Wassef no valor de 9,8 milhões de reais entre os anos de 2015 e 2020, segundo documento visto pela Reuters nesta quarta-feira.

Essa movimentação financeira milionária, conforme a PGR, foi registrada em relatório do Conselho de Controle das Atividades Financeiras (Coaf) e revelada em reportagem da revista eletrônica Crusoé da semana passada.

Wassef trabalhou para a família do presidente Jair Bolsonaro e está sob investigação do Ministério Público do Rio de Janeiro.

O pedido de explicações da equipe do procurador-geral, Augusto Aras, foi feito no âmbito de uma apuração preliminar que a PGR abriu para saber se os repasses tiveram influência no acordo de colaboração premiada fechado por executivos do grupos com a cúpula do Ministério Público Federal.

Segundo a J&F, os colaboradores “reafirmam seu compromisso com a Justiça e irão informar a PGR, antes do prazo, que Frederick Wassef jamais os representou perante o órgão”.

Em mensagem à Reuters, Wassef disse que não existe nenhuma investigação em curso.

“Nunca fui investigado em minha vida. O MPF está apenas iniciando agora apurações sobre o que foi dito em algumas matérias FAKE NEWS e caluniosas feitas contra a minha pessoa recentemente”, afirmou.

“Se fabricam matérias de coisas que não existem e ilações irresponsáveis e criminosas e assim se joga a máquina pública contra a vitima que sofreu crimes de calúnia”, completou.

Augusto Aras —assim como os antecessores Rodrigo Janot e Raquel Dodge— defende a rescisão do acordo de delação de executivos do grupo após apontarem supostas irregularidades.

O Supremo Tribunal Federal (STF) chegou a incluir esse caso na pauta do plenário em junho, mas posteriormente foi retirado em meio à pandemia do novo coronavírus. Não há data para ser julgado.

Fonte: Reuters