Diversos equipamentos utilizados para adulterar os hodômetros foram apreendidos.

A Polícia Civil apresentou na manhã desta sexta-feira (26), o resultado da “Operação Recall”, desencadeada ontem. Uma pessoa foi presa e diversos equipamentos e documentos que comprovariam ocorrência de fraude em milhares de veículos foram apreendidos. A quantidade de carros, motos e até tratores adulterados ainda está sendo levantada, mas a Polícia Civil suspeita que a fraude tenha causado prejuízo de R$ 10 milhões aos compradores.

As investigações da Polícia Civil começaram há cerca de dois meses quando o comprador de uma caminhonete registrou uma ocorrência de fraude. Ele disse que pagou mais caro pelo veículo por estar com apenas 60 mil quilômetros rodados, mas encontrou o antigo dono da caminhonete e foi informado que a quilometragem verdadeira, de quando vendeu o veículo, estava perto de 100 mil quilômetros rodados.

A partir desta denúncia, os investigadores chegaram até Jailton Batista Moura, de 62 anos, que acabou confessando a prática. Ele mantém uma empresa que faz reparos em painéis de veículos e entre os serviços prestados está a adulteração da quilometragem analógica e digital dos hodômetros. A prática era tão comum, que o cartão de visitas dele especificava a realização da fraude.

De acordo com o delegado Weverton Evangelista, Jailton está colaborando com as investigações. Além de confessar a prática da fraude que já dura cerca de 20 anos, ele também entregou blocos de notas especificando as empresas que contratavam o serviço. Mais de 10 concessionárias de veículos novos e usados estão sendo investigadas.

A delegada Fabiana Barreto disse que não é possível precisar o número de veículos adulterados. A estimativa da Polícia Civil é de que mais de 10 mil veículos foram fraudados antes de serem vendidos. Jailton fazia uma média de 20 adulterações por dia e ainda tinha a concorrência de pessoas que estavam vindo de outras cidades. Ele cobrava entre R$ 100,00 e R$ 300,00 para fazer a adulteração da quilometragem, dependendo do veículo.

Além de voltar o velocímetro, a fraude também utiliza selos e carimbos para dar veracidade a adulteração. Os veículos adulterados, por sua vez, se tornavam mais valorizados na hora da venda. Em média, os veículos com baixa quilometragem eram comercializados por R$ 1 mil mais caros. Segundo o delegado regional, Luiz Mauro Sampaio, o prejuízo aos consumidores em decorrência dessa fraude pode passar de R$ 10 milhões.

O delegado regional explicou que as investigações vão continuar para identificar as revendas que estavam contratando Jailton para fazer a adulteração dos hodômetros dos veículos. Segundo ele, após a conclusão das investigações, os nomes das empresas poderão ser divulgados.

Autor: Maurício Rocha