Doutor Ricardo Pião em entrevista ao Programa Contraponto.

A campanha coordenada pelo médico psiquiatra Ricardo Pião que propõe a arrecadação de recursos e distribuição de hidroxicloroquina e azitromicina em Patos de Minas virou alvo de acusação junto Ministério Público e ao Conselho Federal de Medicina.  A denúncia foi feita pela Advocacia Geral do Município que vê diversas ilegalidades na ação do médico.

Ricardo Pião defende o uso de Hidroxicloroquina e Azitromicina como tratamento precoce contra a Covid-19. Ao contrário dos diversos estudos realizados em diferentes partes do mundo apontando que os medicamentos não fazem nenhum efeito contra a doença, Ricardo Pião afirma que a mistura dos dois medicamentos evita a evolução da doença.

O médico defende também a distribuição dos medicamentos. Ele disponibilizou uma conta pessoal para arrecadar recursos, que seriam usados para comprar kits de Azitromicina e Hidroxicloroquina e distribuir para a população interessada. Além disso, segundo a denúncia, Ricardo Pião usa o próprio telefone para atrair os pacientes, o que seria proibido.

A denúncia feita ao Ministério Público e ao Conselho Federal de Medicina cita também um carro de som usado pelo médico para atrair mais pacientes. Na mensagem, o locutor orienta as pessoas interessadas em fazer o tratamento precoce com Hidroxicloroquina e Azitromocina a ligarem em um telefone para passar pela avaliação e receber a receita dos remédios.

A redação do Patos Hoje entrou em contato com o médico Ricardo Pião. Ele informou que não recebeu nenhuma notificação.

Estudos mostram ineficácia da hidroxicloroquina contra a Covid-19

O Patos Hoje, também através do Contraponto, entrevistou a Doutora Roberta Fitipaldi, pneumologista e intensivista do Hospital Albert Einstein de São Paulo. A médica destacou que não há evidências científicas de que Cloroquina tenha algum efeito benéfico contra a Covid-19. Gabriel Fernandes, doutor e pesquisador da Fiocruz, também falou sobre a ineficácia do medicamento.

Além disso, estudos científicos não comprovaram qualquer eficácia do medicamento contra a Covid-19. Recentemente, os principais hospitais do país, como: Albert Einstein, Sírio Libanês, HCor, Hospital Moinhos de Vento, Hospital Alemão Oswaldo Cruz e outros apontaram que o medicamento é ineficaz no combate à Covid-19.

A SBI- Sociedade Brasileira de Infectologia- também já havia informado que a hidroxicloroquina deveria ser abandonada de qualquer fase do tratamento de Covid-19. A FDA, agência dos Estado Unidos, vetou o uso do medicamento para tratamento da Covid-19.