A produção industrial do Brasil terminou 2019 com queda acima do esperado em dezembro e fechou 2019 no vermelho, interrompendo dois anos seguidos de ganhos com forte influência das perdas no setor extrativo devido ao rompimento da barragem de Brumadinho (MG).

Em dezembro, a indústria apresentou queda da produção de 0,7% sobre o mês anterior, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira.

O resultado marcou o segundo negativo seguido após queda de 1,7% em novembro, e foi o mais fraco para dezembro desde 2015. Também ficou pior do que a expectativa em pesquisa da Reuters de recuo de 0,5%.

Sobre dezembro de 2018, houve perda de 1,2% na produção, contra projeção de queda de 0,8%

Assim, 2019 terminou com corte na produção de 1,1%, interrompendo dois anos seguidos de ganho —2,5% em 2017 e 1,0% em 2018.

No quarto trimestre, a produção apresentou alta de 0,2% sobre os três meses anteriores, mas o ano foi marcado por instabilidade, com ganho de 0,1% no terceiro e perdas de 0,6% no segundo e de 0,2% no primeiro.

“Encerra-se o ano com uma clara desacelaração da produção industrial. O que parece que houve foi que em agosto, setembro e outubro houve uma antecipação da produção da indústria para a Black Friday e festas de fim de ano e em novembro e dezembro a industria freou”, explicou o gerente da pesquisa, André Macedo.

De acordo com os dados do IBGE, a categoria econômica que registrou as maiores perdas no ano foi Bens Intermediários, de 2,2%, seguido da queda de 0,4% na produção Bens de Capital, uma medida de investimento. O único ganho foi registrado por Bens de Consumo, de 1,1%.

Entre os ramos pesquisados, as indústrias extrativas exerceram a maior influência negativa com queda de 9,7%, pressionadas principalmente pelos efeitos do rompimento da barragem da Vale em Brumadinho (MG) em janeiro de 2019.

De acordo com o IBGE, se essa perda do setor extrativo fosse retirada do cálculo, a variação da produção industrial seria de 0,2% no ano.

BENS DE CAPITAL

Mas em dezembro na comparação com o mês anterior, a fabricação de Bens de Capital despencou 8,8%, com os Bens de Consumo caindo 1,4% e os Bens Intermediários subindo apenas 0,1%

Entre as atividades, veículos automotores, reboques e carrocerias perderam 4,7% enquanto máquinas e equipamentos tiveram queda de 7,0%.

No ano de 2019, além do rompimento da barragem de Brumadinho, a indústria do Brasil enfrentou altos e baixos, com fraqueza na Argentina, desemprego ainda elevado no Brasil e dificuldades da economia em engrenar com mais força, mas com algum suporte da liberação de saques do FGTS.

“A perda de força e fôlego tem a ver também com o cenário interno e externo. Os setores que mais cresceram em 2019 têm a ver com uma pequena melhora no mercado de trabalho e medidas de estimulo como a liberação do FGTS”, completou Macedo.

“No cenário externo ainda houve um arrefecimento das exportações, em especial para a Argentina.”

A mais recente pesquisa Focus do Banco Central mostra que os economistas esperam retomada da produção da indústria em 2020 com uma alta de 2,21%, chegando a um aumento de 2,5% em 2021.

Fonte: Reuters