O empresário German Efromovich e seu irmão José foram alvos de mandados de prisão nesta quarta-feira como parte da nova fase da operação Lava Jato, que apura supostas fraudes em licitação da Transpetro, subsidiária da Petrobras, disse à Reuters uma fonte com conhecimento das investigações.

Por ora, detalhes sobre as circunstâncias da prisão dos irmãos Efromovich não são conhecidos pela Reuters em razão de a operação estar sendo realizada em sigilo. Mais cedo, o Ministério Público Federal (MPF) informou em nota, sem citar os nomes dos detidos, que a Justiça Federal do Paraná havia concordado com a prisão dos investigados, mas posteriormente a converteu em prisão domiciliar por causa da pandemia de Covid-19.

Não foi possível entrar em contato imediatamente com representantes de German e José Efromovich.

A 72ª da Lava Jato investiga o pagamento de propina ao ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, que assinou acordo de delação premiada com os investigadores, em um contrato dasubsidiária da Petrobras com o estaleiro EISA, controlado pelo grupo empresarial de Efromovich, que teria gerado prejuízo de 611,2 milhões de reais à Transpetro, segundo notas do MinistérioPúblico Federal e da Polícia Federal.

De acordo com o MPF, mais de 40 milhões de reais em propina foram pagos em contratos de construção de navios para a Transpetro.

Procurada, a defesa de Sergio Machado disse que não vai se manifestar.

Em nota, a Transpetro informou que desde o início das investigações colabora com o MPF e encaminha todas as informações pertinentes aos órgãos competentes. “A companhia reitera que é vítima nestes processos e presta todo apoio necessário às investigações da Operação Lava Jato”, afirmou.

Também em nota, a Petrobras afirmou que trabalha em estreita cooperação com os investigadores da Lava Jato e que uma apuração interna da Transpetro subsidiou a operação desta quarta.

“Petrobras e Transpetro são reconhecidas pelo próprio Ministério Público Federal e pelo Supremo Tribunal como vítimas dos crimes desvendados. A Petrobras vem colaborando com as investigações desde 2014, e atua como coautora do Ministério Público Federal e da União em 18 ações de improbidade administrativa em andamento, além de ser assistente de acusação em 71 ações penais”, disse a estatal.

Os mandados de prisão e de busca e apreensão, expedidos pela 13ª Vara Federal em Curitiba, responsável pelos processos da Lava Jato na capital paranaense, foram cumpridos por 36 policiais federais nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Niterói e Maceió, disse a PF em nota, sem identificar os alvos da operação.

“Durante as investigações da operação Lava Jato, foi identificada uma organização criminosa que fraudava o caráter competitivo das licitações e sistematicamente pagava propina a altos executivos da Petrobras, bem como a outras empresas a ela relacionadas como a Transpetro, empresa responsável pelo transporte de combustível no país e pela importação e exportação de petróleo e derivados”, disse a PF em nota.

“A presente operação investiga os possíveis crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, que teriam sido praticados no contexto de licitação e celebração de contratos de compra e venda de navios celebrados pela Transpetro com determinado estaleiro, no âmbito do Promef, que era o programa do governo federal para a reestruturação da indústria naval brasileira.”

Em nota, o MPF afirmou que apuração interna da Transpetro apontou que a atuação dos executivos do EISA com o então presidente da Transpetro, Sérgio Machado, que fechou acordo de delação premiada com os investigadores, gerou prejuízo de 611,2 milhões de reais. O valor global combinado do contrato foi de 857 milhões de reais, segundo a PF.

Também foi determinado o bloqueio de 651 milhões de reais de pessoas físicas e jurídicas envolvidas.

“As provas apontam que contratos sem lastro na realidade, envolvendo investimento em campos de petróleo e empréstimos com empresas em paraísos fiscais, foram usados em um esquema que causou prejuízo estimado em mais de 600 milhões de reais”, disse a procuradora da República Luciana Bogo, segundo nota do MPF.

“A continuidade dos trabalhos da força-tarefa, mesmo após seis anos de seu início, permite que as investigações se aprofundem cada vez mais, de forma que pessoas envolvidas em grandes casos de corrupção no sistema Petrobras ainda sejam responsabilizadas”, acrescentou a procuradora.

Esta é a 72ª fase da Lava Jato, sendo que a primeira ocorreu em março de 2014, e ocorreu pouco depois de o Supremo Tribunal Federal (STF) ter suspendido o julgamento de ações pelo Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) que poderiam retirar o coordenador da força-tarefa de Curitiba, o procurador Deltan Dallagnol, do cargo.

Fonte: Reuters