A Polícia Civil apresentou na manhã desta quinta-feira (11) o resultado da investigação até o momento sobre o atropelamento de Antônio Deusdete da Silva, 62 anos, conhecido como “Tõe Doido”. A condutora de 25 anos disse que não percebeu de forma alguma o atropelamento. O delegado não finalizou o inquérito, mas disse que ela deve responder por homicídio culposo.

O delegado de trânsito Bruno do Carmo Garcia, o perito Filipe Guelber e o sub-inspetor Terval Carlos apresentaram como o atropelamento que desafia a imaginação ocorreu. A condutora de 25 anos que conduzia o GM/Ômega relatou que não percebeu de forma alguma o acidente. O delegado informou que ela tem miopia e que só soube do atropelamento quando os policiais chegaram na casa dela com o mandado judicial.

De acordo com o delegado, a condutora relatou que na noite do acidente foi à Praça de Alimentação no Pátio Central Shopping e depois se dirigiu a um bar na região de onde aconteceu o acidente. Apenas o marido dela que havia consumido cerveja e por isso ela estava na direção. Ressaltamos que os policiais preferiram não identificar a motorista nesta fase do inquérito.

Na volta para casa, ela passou pela Rua Manoel Dias e não percebeu de forma alguma que Antônio estava caído no meio da rua. Ela seguiu diretamente para casa e chegou a sentir um baque maior na Rua Major Jerônimo com a Rua Deoclaciano Mundim, onde a vítima teria acabado se desprendendo do veículo. No entanto, também não verificou que se tratava do corpo de Antônio.

Ela foi para casa normalmente e chegou a ir para a roça com a família. Ela somente soube de tudo quando os policiais chegaram à sua residência com a ordem judicial para apreender o veículo. Ela disse que não havia feito uso de bebida alcoólica e estava sem os óculos na hora do acidente. O policial constatou que ela realmente possui miopia, porque no dia de seu depoimento ela estava com os óculos.

O Perito Filipe Guelber mostrou todos os aspectos técnicos do acidente. Ele explicou que não houve uma colisão contra o corpo de Antônio. Como o corpo já estava deitado e com uma mochila com grande volume, o carro, que possui suspensão baixa e anda naturalmente balançando, passou por cima da vítima e a mochila deve ter se prendido na parte debaixo da frente do veículo que não sofreu danos.

Os ferimentos no corpo de Antônio comprovam isso. A perícia identificou no corpo de Antônio amassamento de crânio, deslocamento de escápula, dilaceração nas extremidades dos pés, queimaduras, escoriações intensas e extravasamento de massa encefálica. Filipe disse que todos esses graves ferimentos são compatíveis com o arrastamento por cerca de 2 quilômetros, que duraram cerca de 6 minutos.

A perícia também identificou que é realmente possível que a motorista não tenha percebido que atropelou Antônio. Estava chovendo na hora do acidente, o local é mal iluminado e a pavimentação está irregular no local do atropelamento. Como ela estava sem óculos, com o som do veículo ligado e outro carro passava em direção contrária com o farol acesso pode ter ofuscado a visão dela.

Outros exames estão sendo feitos para se concluir o inquérito. Foram encontrados próximos à roda do GM/ômega cabelos e manchas de sangue que podem ser de Antônio. Eles também devem descobrir onde foi o local exato do óbito. A maior suspeita é de que a morte só tenha ocorrido quando o corpo se desprendeu do carro e a roda passou por sobre a cabeça dele.

Com relação à bicicleta, o Sub-inspetor Terval Carlos explicou que ela não foi localizada e existe a suspeita de que alguém a teria furtado, já que havia permanecido no local do atropelamento durante toda a noite. Outras imagens estão sendo analisadas para se comprovar como tudo teria acontecido.

O Delegado Bruno informou que o dono do bar onde a condutora estava foi ouvido e disse que eles consumiram apenas uma coca-cola e uma cerveja Litrão. Imagens do Pátio Central Shopping e outras testemunhas serão ouvidas para identificar se ela teria consumido bebida alcoólica. O delegado destacou que o acidente é totalmente incomum. Ela vai responder por homicídio culposo em liberdade.

Trajeto em que a condutora percorreu com a vítima presa no veículo.