A elevação dos impostos sobre os combustíveis, PIS e Cofins, não vai influenciar apenas o preço da gasolina, do etanol e do diesel, uma vez que haverá o efeito cascata sobre o consumidor, alertam especialistas. Os impactos serão sentidos em diversos segmentos, como campo, transporte e supermercados. Nessa sexta-feira (21), os combustíveis já estavam mais caros nos postos de Belo Horizonte e de todo o Brasil. Alguns elevaram os preços acima da alta dos tributos.

O diretor do Minaspetro, entidade que representa os postos, Bráulio Baião Barbosa Chaves, ressalta que, principalmente por causa da alta no diesel, a produção agrícola será impactada. “Vale lembrar que o trator no campo usa esse combustível, bem como o caminhão que transporta os produtos”, analisa.

Segundo estimativa da Agência Nacional de Transporte de Cargas (ANTC), que atua no ramo de consultoria em agenciamento de cargas, o aumento do imposto sobre o combustível poderá gerar uma alta de até 4% no preço do frete.

Na ponta, segundo análise da entidade, o reajuste poderá encarecer, principalmente, produtos com menor valor agregado, como arroz, farinha e outros itens da cesta básica. Silvio Campos Neto, economista sênior da Tendências Consultoria, refez suas contas para a inflação deste ano de 3% para 3,8% por causa desse efeito cascata no reajuste dos combustíveis.

Agora, encher um tanque de gasolina no Brasil, segundo cálculos da Associação de Executivos de Finanças (Anefac), ficou, em média, 10,4% mais caro. Há posto em Belo Horizonte onde essa alta para um tanque de 40 litros chegou a 15%, o que representa mais R$ 20 por tanque.

Transporte. O transporte terrestre predomina no Brasil. Cerca de 60% das mercadorias são escoadas por caminhões. Nas cidades, a participação aumenta para 95%, conforme a ANTC. De acordo com a entidade, o combustível representa 40% do custo de um frete e o aumento geralmente é repassado para o preço do transporte.

Para o porta-voz da Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam), Bolívar Lopes, o aumento provocará uma reação em cadeia. “A Abcam reconhece as dificuldades que o país atravessa. No entanto, o aumento de combustíveis nesse momento levará ao encarecimento de muitos produtos para o consumidor final. O transportador também é consumidor final. Para o caminhoneiro vai aumentar diesel, pneus, manutenção do veículo e outros insumos”, disse. O transporte público também vai aumentar quando houver as revisões tarifárias.

Gasolina vendida a R$ 4,199

Nos postos de combustíveis da região metropolitana de Belo Horizonte, o consumidor que foi abastecer nessa sexta-feira (21) encontrou o preço alterado para mais. Na avenida Tereza Cristina, conhecido como corredor com os preços mais em conta da capital, a maior parte dos postos passou o preço de R$ 3,29 para quase R$ 3,70, acima da alta dos impostos.

A reportagem foi a vários postos de BH e região e encontrou preços variados da gasolina, mas sempre acima de R$ 3,65 nos que reajustaram nessa sexta-feira (21). O mais alto, R$ 4,199, foi encontrado no Belvedere.

E já tem consumidor que teme que a alta contamine outros setores da economia. “Tem o impacto no transporte”, alerta o médico Nilo Garonci, que conseguiu abastecer nessa sexta-feira (21) sem aumento de preço num posto de Contagem. O preço cobrado pela gasolina comum foi de R$ 3,29. O estabelecimento foi um dos poucos que não alteraram o preço, pelo menos, até essa sexta-feira (21).

O chefe de pista de um posto na avenida Nossa Senhora do Carmo, na região Centro-Sul de Belo Horizonte, Washington Viana, conta que os clientes ficaram surpresos com a manutenção do preço. “Não chegou aumento para nós ainda”, frisou. Ele disse que ainda não sabe por quanto tempo conseguirá manter o preço de R$ 3,548.

Fonte: O Tempo