A situação do local preocupa novamente.

A Lagoa Grande é um dos principais cartões postais de Patos de Minas e a Copasa é a responsável por manter o espelho d’água. No entanto, a situação do local preocupa novamente. Além de muito barro no leito, o mato já começa a crescer nas margens da lagoa. A companhia defendeu a água que é lançada no local e disse que outros fatores têm contribuído para a situação.

O Patos Hoje já noticiou o problema e cobrou uma solução. Há alguns anos, a Lagoa Grande teve que passar por uma grande obra de revitalização devido ao assoreamento e à grande quantidade de mato que cresceu no leito. Naquela oportunidade, dezenas de caminhões de barro e outros materiais foram retirados do local. A imagem do Cartão Postal ficou prejudicada por um grande período.

Dessa vez, uma ocorrência policial chegou a ser registrada no local. O Presidente do Codema- Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente, Ivanildo Alves, havia informado que a situação foi levada para o Ministério Público. Nesta segunda-feira (21), José Pereira, que trabalha na limpeza da orla da Lagoa Grande, mostrou preocupação com o problema. Além do mato, há pouca água na Lagoa e o barro no fundo da lagoa já é visto do alto. Segundo ele, a Copasa é responsável pelo barro no local e alguma providência deve ser tomada. O local mais assoreamento é justamente onde é lançada água para a manutenção do espelho d’água.

No entanto, a Copasa que reconheceu ser responsável pela manutenção do espelho d’água da Lagoa Grande, um dos principais cartões postais de Patos de Minas, disse que a água lançada no local é tratada. Segundo a Assessoria de Comunicação da Companhia, o lago artificial apresenta fissuras. Para assegurar que ele não seque e que os frequentadores tenham sempre uma bela paisagem para admirar, a Copasa abastece o local, como afirma a superintendente da Unidade de Negócio Oeste (UNOE), Cristiane Carneiro: “o volume de água da Lagoa Grande oscila no decorrer do ano. Para garantir a manutenção do nível, são destinados para o local, diariamente, cerca de mil metros cúbicos de água, o que corresponde a um milhão de litros por dia”.

Ainda segundo a Copasa, a água lançada na Lagoa Grande é parte da água decantada do processo de tratamento da Estação de Tratamento de Água (ETA). Isso quer dizer que ela é captada no Rio Paranaíba e conta com a eliminação de mais de 95% da sujeira. Além disso, o local também recebe água de chuva, proveniente das redes pluviais no seu entorno.

De acordo com a bióloga da Copasa, Lygia Corrêa, a turbidez da água se deve a vários fatores, que vão desde as causas naturais até o acúmulo de matéria orgânica em decomposição, como alimentos jogados pela população para os animais. Esses alimentos podem também liberar estabilizantes e/ou conservantes. “Essa atitude contribui com a poluição do meio ambiente e afeta a qualidade da água”, explica.

A companhia também ressaltou que não há possibilidade de o esgoto ser lançado no ponto turístico, tendo em vista a localização da tubulação destinada aos efluentes, conforme sustenta o gerente regional Saulo Bernardes: “A ETA e a Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) estão localizadas em regiões distintas. Já as redes coletoras que existem no entorno da Lagoa Grande estão situadas a vários metros abaixo do nível do lago artificial”.

Abastecimento da lagoa

A água começa a ser enviada para a Lagoa Grande após as 18h, período em que os reservatórios de água da Copasa estão com sua capacidade total de armazenamento. Para atender a uma população aproximada de 150 mil habitantes, Patos de Minas conta com 43 reservatórios de água tratada, que são alimentados por estações elevatórias, equipamentos responsáveis pelo bombeamento da água, para mantê-los sempre cheios. Essas unidades são automaticamente paralisadas quando os níveis dos reservatórios chegam a 100%, voltando a operar, novamente, quando registram 60% de sua capacidade de armazenamento da água. Dessa forma, o abastecimento da cidade é garantido e a disponibilização de água para a lagoa é possibilitado.

Meio ambiente

De acordo com Ricardo Borges, técnico químico de produção da Copasa em Patos de Minas, embora a água do lago não seja adequada para consumo humano, a Lagoa favorece o aparecimento de diferentes espécies de pássaros e aves no local. A água da lagoa pode ser enquadrada, segundo Deliberação Normativa Conjunta COPAM/CERH-MG n.º 1, de 05 de maio de 2008, na classe 4, podendo ser utilizada para navegação.

De acordo com Lygia Corrêa, a condição natural do ambiente com água, alimentos e condições adequadas para reprodução, favorece o estabelecimento de peixes, cágados, girinos, aves e microrganismos. “A manutenção dos níveis ideais de água possibilita não somente a preservação dos recursos naturais (fauna e flora) daquele ecossistema, como também a estabilidade dos próprios padrões físico-químicos da água (cor, turbidez, temperatura, pH, oxigênio dissolvido), imprescindíveis para a vida da fauna e flora local”, informou a bióloga.

Ainda de acordo com a profissional, as lagoas apresentam um importante papel na promoção da umidade do ar a partir da evaporação. Ela destaca ainda que a Lagoa Grande é uma área pública e, portanto, todos têm a responsabilidade de zelar pelo lago.