PEQUIM (Reuters) - A ajuda humanitária não deveria ser imposta à Venezuela para não causar violência, disse o Ministério das Relações Exteriores da China nesta sexta-feira, alertando que Pequim se opõe a uma intervenção militar no país.

Na quinta-feira o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, ameaçou fechar a fronteira com a Colômbia, enquanto o líder opositor Juan Guaidó e cerca de 80 parlamentares percorriam bloqueios rodoviários tentando chegar à fronteira para receber a ajuda humanitária.

Guaidó, que é reconhecido por dezenas de países como o chefe de Estado legítimo da Venezuela, está à beira de um duelo com o governo de Maduro no sábado, quando a oposição tentará fazer ingressarem os alimentos e remédios estocados em países vizinhos.

Maduro nega existir uma crise econômica no país e ainda na quinta-feira disse que estava cogitando fechar a fronteira com a Colômbia e que fecharia a divisa com o Brasil, na prática interditando qualquer acesso legal por terra.

Falando em uma coletiva de imprensa, o porta-voz da chancelaria chinesa, Geng Shuang, disse que o governo venezuelano “manteve a calma e mostrou comedimento”, evitando confrontos de larga escala.

“Se o chamado material de ajuda for imposto à Venezuela, e depois causar violência e confrontos, isso terá consequências graves. Isto é algo que ninguém quer ver”, disse Geng.

“A China se opõe a uma intervenção militar na Venezuela, e se opõe a qualquer ação que cause tensões, ou mesmo agitação”, disse.

Maduro continua sendo apoiado pela Rússia e pela China.

Pequim emprestou mais de 50 bilhões de dólares a Caracas por meio de acordos de troca de petróleo por empréstimos ao longo da última década, garantindo suprimentos de energia para sua economia de crescimento rápido.

Uma mudança de governo na Venezuela favoreceria Rússia e China, que são as duas principais credoras externas da nação, disse Guaidó em uma entrevista concedida à Reuters no mês passado.

Fonte: Reuters