Apesar da torcida aberta do presidente Jair Bolsonaro pela reeleição de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos, a recomendação de diplomatas e assessores próximos ao presidente é que ele espere a declaração de um resultado oficial da disputada eleição norte-americana desta terça-feira para se manifestar, disseram à Reuters duas fontes que acompanham o tema.

Bolsonaro acompanha de perto as eleições nos Estados Unidos e na manhã desta terça se reuniu com o ministro das Relações Exteriores. Ernesto Araújo, o assessor para assuntos estratégicos da Presidência, almirante Flávio Rocha, e com o assessor internacional da Presidência, Filipe Martins, para analisar o cenário norte-americano e definir a estratégia de reação ao resultado.

A recomendação feita ao presidente, de acordo com uma das fontes, é que, dado ao cenário imprevisível da eleição, o presidente brasileiro se abstenha de cumprimentar um vencedor antes do anúncio do resultado oficial, o que deve levar alguns dias, mesmo que um deles, Trump ou o democrata Joe Biden, se declare vencedor.

O governo brasileiro trabalha com a possibilidade de Trump levar à Justiça o resultado das eleições, o que pode embolar ainda mais o processo e retardar o resultado. Nesse caso, Bolsonaro foi aconselhado também a não dar declarações que sugiram um lado.

“A recomendação é não falar nada até termos um resultado definitivo”, disse uma das fontes, ressaltando que, apesar das pesquisas darem vantagem a Biden, é difícil prever o resultado no Colégio Eleitoral.

Apesar das recomendações, a reação de Bolsonaro é imprevisível. Hoje pela manhã, em conversa com apoiadores na saída do Palácio da Alvorada, o presidente perguntou se a eleição daria Biden ou Trump. Ao ouvir que “tinha que dar Trump”, respondeu que não falaria nada.

Mais tarde, no entanto, disse à CNN Brasil que estaria confiante na reeleição de Trump e que isso seria bom para as relações comerciais e diplomáticas do Brasil.

Bolsonaro também citou as eleições norte-americanas em uma série de tuítes publicados na manhã desta terça, afirmando que o pleito desperta “interesses globais” e pode ser alvo de “interferência externa”.

“É inegável que as eleições norte-americanas despertam interesses globais, em especial, por influir na geopolítica e na projeção de poder mundiais. Até por isso, no campo das informações, há sempre uma forte suspeita da ingerência de outras potências, no resultado final das urnas”, escreveu.

Bolsonaro ainda extrapolou o risco para as eleições brasileiras de 2022, afirmando que pode haver interferência externa de potências que buscariam um governo mais simpático a suas posições, sem citar quais seriam esses países.

“Não se trata apenas do Brasil. Devemos nos inteirar, cada vez mais, do porquê, e por ação de quem, a América do Sul está caminhando para a esquerda”, escreveu.

Fonte: Reuters