As fotos foram feitas por Gilberto Dumont, Diretor do Observatório e Especialista em Ensino de Astronomia.

Ao contrário das noites dedicadas à observação, nesta quinta-feira (06), o telescópio do Observatório Dumont em Patos de Minas amanheceu apontado para o sol. É que uma nova mancha solar apareceu, e seu tamanho, no maior comprimento, equivale a cerca de dez planetas Terra, colocados lado a lado. As fotos foram feitas por Gilberto Dumont, Diretor do Observatório e Especialista em Ensino de Astronomia. Ele utilizou uma câmera planetária conectada em foco primário em um dos telescópios do observatório, com 200 mm de abertura. Foi utilizado um filtro solar específico para este tipo de observação.

A mancha denominada AR 2781 marca, o que especialistas já sinalizavam, o novo ciclo de atividade solar. Em setembro, cientistas da Nasa confirmaram o início deste que é o 25º ciclo solar. As manchas solares são áreas na superfície do Sol com temperatura menor que a média local, originando assim, áreas mais escuras em comparação à outras áreas da superfície da nossa estrela.

Elas apresentam um grande e concentrado campo magnético, mantendo a matéria na forma de plasma, ou seja, um estado da matéria quente e eletricamente carregado. Quando estes campos magnéticos se rompem, eles podem lançar matéria ao espaço, no que chamamos de ejeção de massa coronal. Muitas destas partículas chegam à Terra, e a ocorrência de auroras boreais são exemplos desta interação.

O ciclo solar é o fenômeno em que a mínima e a máxima atividade solar ocorrem. Estes ciclos acontecem em intervalo de aproximadamente 11 anos, e o último mínimo solar foi observado em dezembro de 2019, indicando o início da nova etapa. Geralmente, quando o Sol está em seu período considerado de mínima atividade, as manchas solares são raras ou quase inexistentes. Diferentemente, os picos de máxima atividade são caracterizados pela reincidente ocorrência das manchas. Há quase um ano elas praticamente não apareciam, e quando ocorriam eram bastante pequenas. Os mínimos e máximos solares não tem relação com a força com que o campo magnético será emitido, mas com a quantidade de manchas que surgirão, o que caracteriza uma maior ocorrência de atividade magnética, ou seja, uma maior quantidade de eventos.

É importante lembrar que os ciclos são naturais e não cessam, salvo quando nossa estrela chegar em sua fase final, daqui cerca de 4,5 bilhões de anos.  De acordo com o período natural dos ciclos solares, atingiremos seu pico de atividade em 2025, quando novamente as atividades voltam a declinar.

Gilberto Dumont destacou que, monitorar estas atividades solares é importante não somente para compreender o mecanismo de funcionamento do Sol, mas também porque estes picos de atividade afetam a vida na Terra, podendo interferir em satélites, comunicações e também na rede elétrica.  Pilotos de avião e astronautas, como os que estão na Estação Espacial Internacional, também estão suscetíveis às altas radiações emitidas em atividades acentuadas, já que a atmosfera ausente nessas altitudes atenuaria as radiações, agindo como um filtro natural.

Por fim, o diretor do Observatório Dumont, Gilberto de Melo, alertou as pessoas a nunca olhar ou apontar telescópio diretamente para o sol sem o filtro adequado ou a experiência necessária para observação solar. Os danos à visão podem ser irreversíveis.

E a madrugada desta sexta-feira (06) também foi intensa. As câmeras da BRAMON, operadas por Ivan Donizete Soares, captaram diversos meteoros brilhantes cortando o céu de Patos de Minas. Diversos vídeos foram encaminhados para a redação mostrando o espetáculo dos astros.