A criança deu entrada às 20h30 da sexta-feira (8) e morreu poucas horas depois.

Um menino de seis anos de idade morreu na madrugada deste sábado (9) após dar entrada no Hospital Municipal de João Pinheiro, Noroeste de Minas Gerais, por ter tropeçado e machucado o pé. A criança reclamava somente de dores no membro, mas no momento da triagem, os enfermeiros fizeram o teste de açúcar no sangue e descobriram que a taxa superava os 450 mg/dl. Para se ter uma ideia, a taxa normal é de no máximo 99 mg/dl. A criança deu entrada às 20h30 da sexta-feira (8) e morreu poucas horas depois, por volta das 2h30 da madrugada.

Em nome do Hospital Municipal de João Pinheiro, a médica Lorraine Daher Vaz, uma das que atendeu o menino, conversou com o JP Agora para explicar o que exatamente aconteceu. Segundo ela, foi perguntado para a mãe se ele tinha diabetes e ela disse que nunca teve conhecimento. “Imediatamente começou o protocolo para baixar essa taxa de açúcar pela Dra. Valda, pediatra do hospital”, comenta.

Mas infelizmente, segundo a médica, o quadro de cetoacidose diabética (quando os níveis de açúcar estão muito altos), só foi piorando. “A gente [demais médicos] tentou participar do caso para reverter o quadro, que a gente sabe que poderia desenrolar para coisas piores. Infelizmente aconteceu coisa pior, que a gente chama de SARA [Síndrome da Angústia Respiratória Aguda]. É uma insuficiência muito grave e muito difícil de reverter”, diz.

“Infelizmente, mesmo tendo conseguido vaga para transferência para um lugar maior de referência, com a UTI [Unidade de Terapia Intensiva] móvel na porta do hospital, o quadro se desenrolou muito rápido e perdemos essa criança. Todos do hospital estamos muito abalados com isso”, completou a médica.

Lorraine Daher Vaz garante que não houve nenhum tipo de desassistência ou negligência e que a equipe médica que cuidou do menino deu o melhor de si com os recursos que possuía. “Todos, como equipe e colegas de profissão, conhecemos quem trabalha conosco. Dra Valda é uma médica formada em Universidade Federal, especializada pela Fhemig [Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais] e que trabalhou em Belo Horizonte. O outro médico, Dr Gustavo, tem muita experiência com UTI e medicina intensiva. Então tudo que estava dentro do nosso alcance foi feito, mas infelizmente é uma fatalidade que poderia acontecer com qualquer um de nós”, relata.

A médica deixou claro que “não foi pelo pé que ele veio a falecer”. “Por coincidência, o tropeção trouxe ele no momento em que ele ia apresentar a doença na casa dele e ia chegar aqui complicado” explica ela, acrescentando que “o quadro poderia talvez ter sido evitado com consultas de rotina no posto de saúde, que talvez conseguissem diagnosticar o problema. “Toda criança de até 13 anos de idade tem que passar por uma consulta anual chamada puericultura, feita pelo médico da família no posto. Através dela talvez ele poderia ter sido diagnosticado antes”.

Lorraine faz ainda um apelo aos pais e familiares para que não deixem de levar as crianças a consultas médicas de rotina. “Muitas vezes a pessoa tem a doença e ela não se manifesta de forma clara, só quando já está numa forma grave. A equipe médica está à disposição para qualquer informação. Ficam também nossos sentimentos para a família. Uma perda de uma criança saudável e inteligente que os pais e avós amavam muito. Deixamos o nosso pesar em relação a isso”.

Fonte: JP Agora