Eles buscaram apoio jurídico e tentam reaver a guarda da criança.

A decisão do Conselho Tutelar e do Ministério Público de encaminhar um recém-nascido para um abrigo gerou revolta em Patos de Minas. O bebê é filho de uma cigana e teria sido retirado dos braços da mãe com base em um relatório feito pelo órgão de defesa dos direitos da criança e do adolescente. Os ciganos, no entanto, têm hábitos e costumes diferentes da população em geral, como a convivência em grupos, que, segundo eles, não foram levados em conta na hora de elaborar o documento.

Marcelina Fernandes Esteves foi levada ao Hospital Regional no dia 22 de março para dar luz ao primeiro filho. Ela conta que o bebê nasceu prematuro e precisou ser levado para o Hospital Vera Cruz para receber cuidados especiais. A alta médica veio na última quarta-feira (01), mas ao invés de levar o recém-nascido para casa, Marcelina viu o filho ser levado pelo Conselho Tutelar para um abrigo.

A decisão foi baseada em denúncias feitas por funcionários do Hospital Regional que resultaram em um laudo sobre as condições da mãe. O documento encaminhado ao Ministério Público relata que Marcelina não tinha preparo suficiente para cuidar do filho, não sabendo trocar uma fralda, dar banho ou amamentar a criança. O relatório também questiona o fato da mãe não possuir endereço e viver em grupo.

A decisão vem sendo contestada pelo grupo de ciganos ao qual Marcelina pertence. Eles buscaram apoio jurídico e tentam reaver a guarda da criança. O cigano André Soares esclarece que a cultura cigana é diferente e que, por viver em grupo, todos se ajudam. Ele esclarece que o grupo está vivendo em uma moradia improvisada, aguardando apenas a liberação de um terreno da prefeitura para montar o acampamento.

Eles também estão preocupados em manter a cultura cigana. Geová Soares disse que a medida causa insegurança no povo cigano. Ele afirma que a esposa está grávida e que deverá dar a luz dentro de alguns dias, mas que diante de tal medida se sente receoso em levar a mulher para fazer o parto em Patos de Minas e também perder a guarda do filho. Mobilizados, os ciganos afirmam que vão buscar seus direitos para ter de volta a guarda da criança.

O Ministério Público informou que a decisão de retirar a guarda da criança é baseada em laudo de profissionais e que o caso ainda não é definitivo. A ação foi encaminhada ao Juizado da Infância e da Juventude que deverá definir o futuro do bebê.

Autor: Maurício Rocha